Cirurgia plástica: Veja como
financiar ou fazer consórcio para pagar intervenções estéticas
O Brasil se tornou uma potência
de intervenções estéticas nos últimos anos, inclusive superou os Estados Unidos
em número de procedimentos nos últimos anos. O presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica, Prado Neto, acredita que mais opções para o
pagamento das cirurgias é um dos motivos que justificam o crescimento, mas
também teme a banalização dos procedimentos e precarização do setor. O
parcelamento ou, até mesmo, financiamento são possibilidades que clínicas e
médicos oferecem para os pacientes. Os bancos também estão de olho neste filão
e têm linhas de crédito e consórcios que podem ser usados a favor da beleza.
A modalidade que pode ser usada
para pagamento de cirurgias é o empréstimo. A taxa de juros dessa linha varia
de 3,02 a 3,31% ao mês, de acordo com a quantidade de prestações. Ex: Caso opte
pelo empréstimo em 48 meses, por tratar-se de juros composto, juros sobre juros,
o valor total embutido chega de 150% a 180% do valor total do crédito tomado. Ou
seja, se tomar R$ 15 mil reais, o montante total a ser pago será na média de R$
37,5 mil em quatro anos, com parcelas mensais de R$ 700 reais aproximadamente.
Outro produto bem atrativo é o consórcio
para o setor de serviços em que o participante pode retirar de R$ 1.500 a R$
15.000 em planos de até 48 meses e taxa de administração a partir de 0,55% ao
mês. Então sua parcela num consórcio Rodobens, por exemplo, soma-se a taxa
administrativa de 26,5%, mais o seguro mensal embutido e suas parcelas saem R$
395,14 por mês, numa carta de crédito de R$ 14 mil e paga ao final do período aproximadamente R$ 19 mil. Note, quanto menor o prazo, menor a taxa, em 12 meses paga-se cerca de R$ 17 mil. Em 2014, mais de meio milhão de reais foi destinado a cartas do
BB Consórcio de Serviços para pagamento de procedimentos médicos hospitalares
(incluindo cirurgias plásticas); um crescimento de 225% comparado ao ano
anterior.
Na internet, clínicas procuram
ter canais para esclarecer dúvidas sobre os procedimentos e forma de
pagamentos. A Master Health tem a opção ‘Preços e Financiamentos’ em seu site.
A Plástica do Sonho informa que é possível parcelar a cirurgia plástica. A
Pró-Corpo anuncia no Google a possibilidade de pagamento em 24 vezes. As três
instituições, no entanto, informaram que não poderiam dar entrevistas sobre o
tema e as formas de pagamento são discutidas diretamente com o paciente.
A Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica explica que se o paciente quiser parcelar a cirurgia, o
médico tem o direito de fazer o parcelamento, mas uma resolução de 2008 do
Conselho Federal de Medicina (CFM) veta qualquer intermediação entre o médico e
o paciente. A mesma regra vale para os consórcios que não podem indicar médicos
para os contemplados.
É comum o médico adequar a forma
de pagamento às condições financeiras do paciente e até fazer parcelamento sem
juros, no entanto as intervenções cirúrgicas não podem ser tratadas como a
aquisição de um bem e a relação médico-paciente é a base desta tratativa.
Principais dúvidas sobre o consórcio:
1. Como funciona o consórcio de
serviços?
Nele, você escolhe o valor da
carta de crédito, ou seja, uma quantia em dinheiro que poderá gastar com
qualquer serviço. Funciona assim: uma empresa que administra consórcios abre um
grupo para quem está interessado nesse mesmo valor que você escolheu. Todos os
participantes pagam as parcelas durante o período de duração previsto em
contrato, e a administradora cuida do dinheiro e dos sorteios. Todo mês alguém
é sorteado e, mesmo com a carta de crédito na mão, continua pagando as parcelas
mensais até o final do consórcio.
2. Quanto tempo dura um consórcio
de serviços?
Depende! Os consórcios de
serviços costumam durar de um a quatro anos. E isso significa que se você for
sorteado no final, terá que esperar para usar a carta de crédito. A não ser que
você dê um lance e seja contemplado antes. Por isso, o consórcio é uma boa
opção para quem não tem o costume de guardar dinheiro e também não está com
pressa.
3. Como eu faço o pagamento das
parcelas?
Ao fechar o negócio você recebe
um boleto para pagar as parcelas. Esse boleto possui todas as informações sobre
o consórcio, como quantas pessoas foram sorteadas no último mês.
4. As parcelas têm juros?
O consórcio não tem juros como um
empréstimo pessoal, mas você paga uma taxa para a administradora. Além disso,
as parcelas podem sofrer reajuste uma vez por ano de acordo com alguns índices,
como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mostra a variação do
custo de vida dos consumidores.
5. Como faço para ser
contemplado?
Existem duas maneiras. Uma delas
é o sorteio mensal, que depende da sorte, e a outra é dando lances – quem
oferece mais dinheiro leva a carta de crédito, como em um leilão. Em alguns
consórcios, o lance vencedor não será o mais alto e sim aquele em que o
participante antecipar o maior número de parcelas do pagamento. Isso acontece
porque podem existir participantes com prazos e parcelas diferentes dentro de
um mesmo grupo.
6. O que acontece se meu lance
não for o vencedor?
Se o seu lance não for o
vencedor, tudo bem! Você não precisa entregar esse dinheiro. Pode guardar de
volta e tentar dar lances novamente em outros meses.
7. Quantos sorteios acontecem por
mês?
O número de sorteios varia
conforme cada administradora porque elas têm regras próprias. E ele também muda
de acordo com o número de participantes do consórcio, pois quanto mais gente
existe no grupo, mais dinheiro é arrecadado por mês para a carta de crédito.
8. Eu tenho que continuar pagando
as parcelas depois de ser sorteado?
Sim. Mesmo que você seja sorteado
no começo do consórcio, deve continuar pagando as parcelas até o final do prazo
que está no contrato.
9. O que acontece se eu atrasar o
pagamento de uma parcela?
Você terá que pagar este valor
com juros e multa. E se você atrasar muitas parcelas corre o risco de ser
excluído do grupo. Se isso acontecer, é preciso esperar até o final do
consórcio para resgatar seu dinheiro ou entra em um sorteio a parte para
resgate do dinheiro investido, onde os desistentes recuperam o valor principal
investido, sem as taxas ou seguro.
10. O que fazer se eu não consigo mais pagar o
consórcio de serviços?
Não se preocupe, pois existem
três caminhos:
A. Transferir a sua participação
para outra pessoa, que vai comprar a cota;
B. Mudar para um consórcio, da
mesma empresa, que tenha parcelas menores. Por exemplo, ir para um consórcio de
uma carta de crédito mais barata.
C. Pedir para sair do grupo. Você
terá que pagar uma multa e esperar ser sorteado para receber o dinheiro das
parcelas anteriores.
11. A carta de crédito é entregue
em dinheiro?
Não. Quando você for sorteado
deve escolher que serviço vai comprar com a carta, fechar a compra e entregar a
nota para a administradora, que fará o pagamento. Ou seja, você não recebe o
dinheiro porque a administradora paga diretamente o prestador do serviço.
12. Posso comprar qualquer
produto com a minha carta de crédito?
A carta de crédito do consórcio
de serviços deve ser usada para algum serviço, como uma viagem, cirurgia, festa
ou até para pagar um curso. Basta apresentar a nota fiscal para a
administradora. Por isso, você não pode utilizá-la para comprar um produto como
carro ou moto, por exemplo.
13. E se o serviço que eu
escolher tiver um preço diferente da minha carta de crédito?
Não tem problema. Se for mais
barato, você pode usar o restante do dinheiro para quitar as parcelas do
consórcio. Se for mais caro, dá para usar carta de crédito, mas você terá que
completar o valor que falta.
14. Qual é o prazo máximo para
usar a carta de crédito depois que fui sorteado?
Você tem tempo até o consórcio
terminar. Se você for sorteado e não quiser fazer o procedimento naquela hora,
a administradora deve depositar o valor da carta de crédito em uma poupança e
você tem o prazo mínimo de seis meses para sacar esse dinheiro.